Quanto a temperatura de operação, a maioria dos polímeros têm limitações, mas, geralmente os compósitos apresentam boa capacidade de trabalho a altas temperaturas. Por
exemplo, um bronze-estanho e o alumínio podem operar a 260 °C, já as
buchas com carbono-grafite têm capacidade de operar até aproximadamente
400 °C. O PTEF também apresenta bom comportamento a temperatura elevada,
conseguindo operar até 260 °C \citep*{Mott_2013}.
Seleção de bucha para lubrificação marginal e rotação
contínua
Para um mancal com lubrificação marginal e rotação contínua do eixo,
deve ser encontrado primeiramente o diâmetro e comprimento necessário da
bucha para suportar a carga radial do eixo, normalmente o comprimento da
bucha em relação ao diâmetro nominal deve ser 50% quando trabalha a
seco, L/D = 0,5, para evitar muita área de contato. Já para
buchas com lubrificação mista, recomenda-se L/D = 1. Para buchas que têm
boa capacidade em suportar temperaturas elevadas, como o
carbono-grafite, pode ser usada a relação L/D = 1,5. Assim, com essas
recomendações pode ser estimado o comprimento da bucha \citep*{Mott_2013}.
A continuação é apresentado um exemplo de \citet*{Mott_2013} para se compreender o cálculo de seleção de uma bucha.
Sabe-se que uma bucha deve ser projetada para suportar uma carga radial
de 667 N para um eixo com diâmetro nominal de 38 mm que gira a 500 rpm.
Pelo ambiente onde trabalha esse sistema, há a exigência que a bucha
trabalhe a seco:
Como deve trabalhar a seco, considera-se o comprimento da bucha L/D = 0,5:
\[\begin{equation}
L=0,5\cdot 38=19\ mm\nonumber \\
\end{equation}\]
A pressão do eixo é obtida por:
\[\begin{equation}
p=\frac{W^{r}}{L\cdot D}=\ \frac{667\ N}{19\ mm\cdot 38mm}=0,924\ MPa\nonumber \\
\end{equation}\]
Neste exemplo, a velocidade linear do eixo é um dado condicional de
entrada que se mantem igual, independente da geometria ou material a ser
selecionado para a bucha:
\[\begin{equation}
V=\pi\cdot D\cdot n=\ \pi\cdot\ 0,038m\cdot 8,33\frac{\text{rev}}{s}=0,995\ m/s\nonumber \\
\end{equation}\]
A seguir, encontra-se o fator, pV:
\[\begin{equation}
pV=0,924\ MPa\cdot 0,994\ \frac{m}{s}=0,919\ MPa\cdot m/s\ \nonumber \\
\end{equation}\]
Esse valor encontrado serve para selecionar o material da bucha, mas
antes disso, deve ser multiplicado pelo fator de projeto (2,0), então o pV a ser considerado é de 1,838 MPa-m/s. Das tabela \ref{Tab1} e \ref{Tab2}, pode-se
escolher o material bronze-estanho chumbado que possui um pV, de
2,63 MPa-m/s, bem acima do valor encontrado quando se trabalha a seco.
Finalmente, a folga diametral, cD, entre a bucha
e o eixo, deve ser especificada seguindo a Figura \ref{960843}, onde o diâmetro nominal do eixo deve cruzar com a rotação em rpm.
Dessa forma, a folga diametral mais próxima é de 50 μm.
Independentemente do valor encontrado, deve sempre ser
considerado um ajuste com folga, nunca um ajuste com interferência ou em
transição. Segundo \citet*{Budynas_Nisbett_2014}, para mancais de deslizamento as tolerâncias
dimensionais recomendadas, para folga entre eixo e bucha podem ser:
H8/f7 (deslizamento apertado), ou H9/d9 (deslizamento livre).